sábado, 17 de setembro de 2016

HEAVY METAL SEM FRONTEIRAS!

De Adiel Soares, redator do Blog Dapesada

Evento: ANIMAL FEST 2016 | Data: 11/09/2016 | Local: Society Beach Club (Redinha – Natal/RN) | Bandas: Albor (RN); Terrible Force (PB); Sanctifier (RN); Inner Demons Rise (PE); Atrito Urbano (RN), MadDög (SP) e Sacrifice In Blood (RN).

ALBOR - Foto: Floriosman Rocha
11 de setembro de 2016, um domingo que começou preguiçoso, mas logo por volta das 10h o sol deu as caras e os Bangers começam a invadir a Praia da Redinha. O ANIMAL FEST estava todo programado para iniciar-se as 11h, e ao meio-dia ouviria-se os primeiros acordes, mas devido a um atraso do equipamento de som, quebrou-se toda a programação do evento.
 Exatamente às 13h25m ouve-se os acordes de “Twilight Apocalyptic”, ALBOR está no palco para dar início ao ANIMAL FEST 2016. Nesse momento, algo estranho é sentido na execução, nada demais, essa faixa tem o teclado como principal base de sua melodia, e esse show é o primeiro da banda sem Thiago Prado (Ex-tecladista). Então, saiu a melodia da banda ficando apenas o peso das duas guitarras, baixo e bateria.  Essa questão não feriu a musicalidade do grupo, é uma questão de adaptação, uma nova roupagem foi dada as músicas que compõem o demo “Unknow”. Adaptar um baixo onde antes existia um teclado como base não é tarefa fácil, a guitarra ficaria melhor, eles têm duas, sendo um deles Anderson Olliver, um excelente guitarrista que tem como missão deixar essa nova roupagem das músicas, harmônicas como elas foram criadas.
Foto: Floriosman Rocha
Seguindo com o show, ALBOR apresenta as novas músicas, “How Long” é a primeira e mostra a nova fase da banda, que continua Heavy/Doom só que mais pesada. A próxima é “Whe The Gods”, faixa título do Debut CD que está por vir, essa canção é uma verdadeira mescla de Heavy e Doom, começando cadenciada, com o refrão sendo cantado pelo baterista Müde, e confesso que arrepiei quando ouvi o backing cantando o refrão. A próxima é “Albor”, e que faixa, cadenciada, pesada e sombria, mostrando o que vem no disco do quinteto.
Para finalizar, eles tocam “Unknow” e Bewitched (Candlemass), e aí as pessoas animam-se de vez. Dois fatos me chamaram a atenção nessa apresentação da Albor, primeiro que nas novas músicas, eles pareceram nem sentir a falta do teclado, fazendo um Heavy/Doom mais pesado, sem deixar de ser sombrio, e no meu ponto de vista ficou melhor que antes, O segundo, foi um garoto que eu nunca tinha visto em shows, em sua cadeira de rodas passou toda apresentação bem na  frente do palco, e me lembrou o saudoso Ricardo Diamond (R.I.P.), nessa ocasião, o garotinho, que deve ter seus 15 ou 16 anos se divertiu bastante à vontade, e o público que apesar de ainda pequeno deixou o espaço pra ele, demonstrando respeito diante da limitação física do rapaz. Então, são três PARABENS. Para o garoto, que independentemente de qualquer coisa compareceu ao evento, ao público, que numa atitude sem preconceito nem discriminação, deu o espaço para que o garoto se divertisse e assistisse o show no front, e a banda, que demonstrou a mesma garra de sempre e mandou uma ótima apresentação, salientando o sol a pino e que o palco estava uma verdadeira sauna!
TERRIBLE FORCE - Foto: Adiel Soares
Exatamente às 14h30m começa a apresentação do Power Trio Paraibano, TERRIBLE FORCE em sua segunda vinda à Natal, começa a agitar os nervos e os pescoços da galera com seu Death/Thrash Instigado, Rápido e bem executado. Tocando somente faixas autorais e com 10 anos de existência, o trio demonstra influência de bandas de Death Metal Old School, cheio de quebras de compasso e solos à velocidade da luz.
O baixista e vocalista Ricardo Henrique agradece o convite para o evento, fala um pouco sobre a banda e mandam uma paulada em cima da outra, sem dar descanso para o público, que aliás gosta disso mesmo, bater cabeça!! Eu, particularmente não conheço a banda, assisti a um show deles em uma edição do "The Ripper Fest", mas vou procurar saber mais sobre esse trio, até pela influência da banda Death, uma de minhas preferidas, além do show enérgico apresentado por eles, o carisma dos músicos que representaram nossos vizinhos, já criou uma aglomeração a frente do palco. Showzão!!
Mandem notícias TERRIBLE FORCE...
SANCTIFIER - Foto: Adiel Soares
As 15h30m é chegada a hora da banda anciã da festa, formada em 1989 por Bangers bastante experientes, trazendo Luzdeth (vocal) e Alexandre (guitarra) da formação original, SANCTFIER executa seu Old School Death Metal já conhecido pelo entrosamento e execução quase perfeita, traz boa parte do público para a frente do palco, mesclando seu show entre músicas do início da banda e faixas mais novas, os caras dão aquela aula de Death da velha escola, a segunda faixa do set, “Pentacles” fez os Bangers baterem cabeça, assim como “Shoggoths, Summon The Hay e Millionary Evil Conspirancy, outra faixa que destaco da apresentação é “Necromicon”.
Foram 50 minutos do mais puro Death Metal, com os solos bem encaixados de Alexandre, e a cozinha encremetada pelo baixo de Jorge e os blast beats de Marcelo, não tem como não maltratar o pescoço, com a experiência de algumas turnês, os anfitriões se mostram à vontade no palco e tocam como se nada tivesse acontecendo, uma apresentação que dispensa apresentações, Hail Sanctfier!
INNERS DEMONS RISE - Foto: Adiel Soares
Já com o sol se despedindo do ANIMAL FEST, é chegada a hora dos representantes da infernalmente conhecida como Hellcife... Cidade que serve de passagem de grandes bandas internacionais e por suas bandas locais, várias com mais de uma década de existência, INNER DEMONS RISE é da nova safra pernambucana, com 6 anos de existência, e salve engano  sua 3ª passagem por Natal, a banda apesar de relativamente nova, é formada por Bangers de barbas grisalhas e consequentemente experientes, eles executam seu Death Metal, que eu particularmente prefiro chamar de “ignorância sonora” e fazem o set mais curto do evento, 35 minutos, mas não precisava mais do que isso, até porque dos que estavam ali, acho que eu era o que menos conhecia a banda. Quase todos curtiam o quinteto pernambucano, que se apresenta numa perfeição de entrosamento, com as duas guitarras executando solos e o baixo sobressaindo, os caras tocam com feeling, e percebe-se o semblante surpreso de muita gente com a apresentação dos jovens senhores, o frontman Alcides Burn comanda o exército, são pouco mais de meia hora de paulada na orelha, e para finalizar tocam Arise (Sepultura)... Total Destruction...
ATRITO URBANO - Foto: Adiel Soares
Já estamos entrando pela noite, e na segunda metade do show, que teve seu Line Up ao contrário, primeiro foram-se as bandas mais antigas e agora é a vez da mais novas, começando com ATRITO URBANO, banda potiguar de Thrash Metal formada por garotos da Zona Oeste da capital, no ano de 2012 e com uma pequena bagagem tocando em pequenos eventos, muitas vezes promovidos por eles mesmos. Eu nunca tinha visto os garotos ao vivo, apenas no Youtube e conheço alguns discos que eles lançaram na internet.
O som da ATRITO URBANO ataca a alienação social despejada pela sociedade podre em que nós vivemos, tem sua pequena legião de seguidores e me surpreendeu com seu som bem executado. Apesar da pouca idade, os garotos tocam muito (ouvi comentários a meu favor de Everton Castro e Lucas Praxedes). Cantado na língua nativa, o quinteto demonstra afinidade entre eles, o vocalista Diego manda ver no front enquanto as guitarras andam juntinhas e em harmonia com a cozinha.
Vou fazer uma breve crítica, já fiz algo parecido em uma resenha há um bom tempo atrás e quase fui apedrejado por isso, até me acusaram de ser fã de bandas de forró! ... A banda ATRITO URBANO tem futuro garantido no cenário Thrash, boa presença de palco e vestem-se à caráter, Basqueteiras, calças coladas e jaquetas.... mas percebi um fato estranho nessa apresentação, muitos não ligam para isso, mas eu acho estranho um músico no palco, tocando para pessoas que admiram ou pelo menos querem conhecer o seu trabalho, e o cara tá lá de chinelo, eu tive a impressão de que o o guitarrista Laminha acordou e saiu pro evento. Esse comentário é apenas uma opinião pessoal, algumas pessoas concordarem comigo, outras não! Ao meu ver, independente da banda receber cachê ou não, de todos que estão ali conhecerem os músicos e blá blá blá, encarem tocar como trabalho, pessoas estão ali para ver sua apresentação, e você se propôs a fazer uma apresentação musical, então, seria bom apresentar-se de forma adequada para a ocasião, fica a dica!
Críticas feitas, vamos aos elogios. Parabéns ATRITO URBANO, vocês tocam muito bem, ainda são jovens, então continuem seguindo esse caminho que vocês vão longe, e eu fico ansioso pelo Full-Lenght que vocês estão preparando para nossos ouvidos.
MADDÖG - Foto: Adiel Soares
Apesar de ser a segunda banda mais nova do cast, MADDÖG é a Headliner desse ano, idealizada em 2013 por Eric Fonseca na cidade de Recife/PE, e concretizada já quando o mesmo já estava morando em São Paulo, MADDÖG é um Power Trio, que no momento está sem baixista fixo, e para as 6 datas da turnê nordestina, convidou o  velho (literalmente KKKKK) músico potiguar Cláudio “Slayer” (EYH), músico esse que dispensa apresentações e mostrou-se bastante à vontade tocando ao lado de Eric e Jean Praelli (esse último, eu não consegui entender se ele é fã da Domminus ou de Silvio).
Vamos ao show, Eric Fonseca conseguiu promover perfeitamente sua banda, o grupo paulista trouxe muita gente para o front, com sua influência descarada do lendário Lemmy, isso está aparente na logo, na formação e no estilo de cantar de Eric, com microfone na altura da testa, executaram um show enérgico, tocando músicas do demo “Possessed By Fuel” e músicas novas, que vão compor o debut da banda. Já na segunda faixa do set eles mandam “Possessed By Fuel” seguida de “Doomsday, ambas bastante conhecidas, exaltando os ânimos dos Bangers com dois covers, “Black Rock’n Roll, da estadunidense MIDNIGHT, que acho que só eu não conhecia, e “Countess Bathory” – Venom.
Em um set de 11 faixas e 44 minutos de muito Rock “n Roll alimentado por muitas cervejas, showzaço!
SACRIFICE IN BLOOD - Foto: Adiel Soares
Já são quase 20h, e finalmente a última banda do cast sobe ao palco, num domingo que amanheceu chuvoso, apareceu o sol com vontade de rachar o coco e ao anoitecer vem uma chuva apenas para lavar a alma dos sobreviventes, começa a apresentação dos caçulas da noite, SACRIFICE IN BLOOD é outro Power Trio formado por Mohamed (B/V), Gray Gray (G) e Tapajós (D), surgiu na cena em 2014 e se intitulam Thrash Metal, executam um show com músicas autorais quase que na totalidade, eu achei o estilo mais pra um Heavy/Thrash, mas deixa pra lá. A banda tem um baterista experiente, com mais de duas décadas inserido no underground e que deve conduzir e orientar a banda para o melhor caminho, as faixas são bem executadas, mas eles têm, ou pelo menos nesse dia mostraram inexperiência de palco. Entre as faixas eles paravam por um bom tempo, quebrando assim a energia da apresentação, com exceção de alguns momentos que o vocalista Mohamed interagia com a galera, isso ele sabe fazer bem, com muito carisma.
Nunca tinha assistido ao show do trio potiguar, apesar das pequenas falhas, gostei da banda e eles já têm aqueles amigos que vão dar moral nos shows, quando na execução eles mostraram entrosamento. Já mais pro final da apresentação, Mohamed convida Robson “Cachorrão” para cantar “Mundo Em Alerta”, da banda Taurus, e foi diversão total, vocês vão ver o vídeo em breve, tá registrado!
Valeu SACRIFICE IN BLOOD! Vocês ganharam mais um admirador, só organizar essa questão dos entre faixas e mandar seu som pelo Brasil.
Assim, por volta das 20h30m se encerra o ANIMAL FEST 2016, fiquei triste em perceber a ausência de muita gente, mas isso faz parte da vida de cada um, com essa “crise” que o país atravessa, provocando desemprego em massa, até eu, que sou piolho de show ando sumido. Torço para que os dois grandes guerreiros que encabeçam o evento, a saber, Sérgio DM e Sídhia Najara, tenham alcançado seus objetivos, pois eles merecem pelo fato de manter esse evento por cima de pau e pedras, digo como conhecedor da história deles e do evento.
Bangers - Foto: Floriosman Rocha
 Para finalizar, vamos aos agradecimentos. Primeiramente, a todos que se fizeram presente, fazendo um evento “fudido”, as bandas que deram verdadeiros shows, aos Bangers que enfrentaram quilômetros de asfalto para participar: Jerônimo e Daiana, na cobertura para o BLITZ METAL, ao brother de São Paulo que hospedou-se na casa de Animal e Miriam (não sei o nome dele), a caravana de PE que veio com a INNER DEMONS RISE, de Jampa com a TERRIBLE FORCE, a turma de Mossoró, São Paulo, aos 8 maridos de Aminadabe (ele me apresentou os caras com essas palavras) que vieram do Triunfo Potiguar e região, Fábio Stefanini que deu suporte aos caras da MADDÖG, Aylle Filth e Rafaela Ramos de Canguaretama/RN, e perdoem-me se esqueci de alguém, mas fica o MUITO OBRIGADO por vocês fortalecerem o underground nordestino!! Em uma conversa informal com o Jerônimo, comentamos que o Underground é uma corrente, formada por elos, e se um desses elos enfraquecer, a corrente perde sua força.
Forte abraço a todos! Já estou ansioso pra 2017...


Fotos: Floriosman Rocha e Adiel Soares

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