sábado, 18 de fevereiro de 2012

COMANDO ETÍLICO - "Vamos detonar sim, pois quem veio nos sacar merece nosso máximo".

Em meados de 2001 através de Gerson Lima conheci essa figura que atende pelo nome de David Praxedes, um cara simples e que é pura simpatia, não tinha muito contato com o mesmo mas sempre que o encontrava ele estava sorridente e com suas firulas engraçadas. Em seguida conheci o benjamin dos Praxedes - Lucas, tão simpático quanto David e na época já não parecia ser apenas mais um garoto com camisa de banda que vivia com um violão sob os braços.
Após dois anos descobri de onde viria a simpatia desses irmãos, de uma senhora tão simpática quanto os filhos e que eu carinhosamente a chamo de Dona Praxedona, uma senhora que como tantas outras casou, teve seus filhos e entre eles, dois loucos que escolheram o som pesado como preferência musical e se dedicaram aos instrumentos de cordas, David ao contrabaixo e Lucas a guitarra.
Após participarem de algumas bandas da cidade e ter montado uma de Doom Metal, os irmãos Praxedes se juntam a mais um louco – Kleber Barbosa e decidem montar um trio pra tirar um Metalzão cantado em português, em sua terceira aparição essa brincadeira chamou a atenção de mais um insano – Hervall Padilha, e o desenrolar dessa história veremos nessa entrevista com David Praxedes.
Normalmente as entrevistas são respondidas por Hervall, mas quis fazê-la com um dos Praxedes pra tentar pegar a história lá do embrião. Então, vamos ao bate papo...

Dapesada: Após terem participado de algumas bandas os irmãos Praxedes idealizaram a Comando Etílico, mais como uma diversão do que uma banda propriamente dita. Inicialmente qual era o verdadeiro objetivo do projeto?
David Praxedes: Grande Adiel! Agradeço em nome do COMANDO ETÍLICO pelo espaço e por sempre nos apoiar.
Bem, vamos lá; A ideia era só de registrar um material e distribuir entre amigos. Tínhamos o intuito de homenagear as bandas de Heavy Metal que cantavam em português nas antigas. 
Sempre curti essas bandas e na época achei que seria muito bacana fazer algo do tipo, mas sem compromisso.

Dapesada: Apesar de ser apenas um projeto, em seu primeiro ano de existência vocês tocaram no aniversário de Wellington Lima (amigo dos Praxedes), no V ANIMAL FEST (2005) e abriram o show da banda SHOCK aqui em Natal no ano de 2006, esses shows mudaram a ideia do projeto?
David Praxedes: Sim, na verdade tivemos essa pequena saga (risos...) A única coisa que queríamos na época era fazer algo sem compromisso, foi nesse show com o Shock que Hervall nos viu pela 1ª vez, e segundo ele quando nos viu virou-se pra Larissa, sua esposa na época e disse: “Eu quero participar disso”. Algum tempo depois ele entrou em contato e ofereceu o seu trabalho pois tinha gostado da banda e queria estar conosco na mesma. De certa forma as coisas começaram sim, a tomar outros rumos a partir dessa época.

Dapesada: As bandas de Brazilian Heavy Metal sempre fazem uma homenagem ou apologia a algo em seus nomes. Porque o nome COMANDO ETÍLICO?
David Praxedes: Não é uma apologia ao álcool, mas sim ao divertimento e porque gostamos de degustar diversos tipos de bebidas como você bem sabe.
Na grande maioria os eventos festivos são regados a álcool, esse nome foi uma simples homenagem aos que apreciam uma boa bebida e ao divertimento.
se precisar nos chamem pra tomar uma,(risos).

Dapesada: Após o show ao lado da Banda SHOCK, o baterista Kleber Barbosa decidiu deixar a COMANDO ETÍLICO e na procura por um novo baterista chegou até a banda, Hervall Padilha pra assumir o posto, mas terminou como vocalista que até então era função do Lucas Praxedes, nos conte esse fato curioso que fez a banda passar de trio a quarteto.
David Praxedes: Na realidade o Kleber precisava de um tempo. Por isso se afastou, E tudo foi conspirando para a entrada de Hervall na banda. Quando nos reunimos pela 1ª vez pra ensaiar nessa nova fase continuaríamos como um trio, Hervall iria pra bateria e nós continuaríamos nas cordas normalmente, mas num certo dia me encontro acidentalmente com Kleber, e ele diz de cara que esta a fim de voltar a tocar, fiquei feliz e ao mesmo tempo apreensivo pois estava com dois bateras, mas nos reunimos, resolvemos a questão e estamos assim com essa formação até hoje.

Dapesada: A entrada de Hervall como vocalista juntando os conhecimentos dele com os dos membros iniciais mudou algo na banda?
David Praxedes: Sim, foi uma mudança significativa, o Lucas que inicialmente tocava e cantava com essa mudança pode ficar mais livre, começamos a levar a banda mais a sério e com mais profissionalismo, muito embora todos nos já tivéssemos experiências com outras bandas, até então o COMANDO ETÍLICO era apenas um projeto,  posso dizer que com a entrada dele deixamos de ser um projeto, prova maior disso foi que tivemos de abrir mão de outras bandas que participávamos para nos dedicar exclusivamente ao COMANDO ETÍLICO.

Dapesada: No início, Comando Etílico ensaiava em estúdios alugados, após alguns anos o grupo reativou o Arena Studio (estúdio do baterista Kleber Barbosa), hoje Comando é uma entre as poucas bandas da cidade a ter sua própria sala de ensaio... Isso contribui muito para a evolução musical?
David Praxedes: Não sei ao certo, mas acredito que não passamos um ano inteiro alugando estúdio para ensaios. Certamente com a nossa própria sala para ensaio melhoramos muito, temos mais tempo pra tudo, até mesmo pra beber (risos...). E podemos dizer que tanto em grupo como individualmente estamos melhores tecnicamente, podemos trabalhar mais tranquilo as composições sem ter de nos preocupar com o tempo do estúdio.
Ficar olhando pra o relógio é uma grande arma contra a concentração.

Dapesada: Após a chegada de Hervall, Lucas ficou livre do vocal aumentando ainda mais a sua intimidade com a guitarra, essa liberdade foi quem trouxe mais peso as músicas, com isso aumentando consideravelmente a legião de fãs do Comando?
David Praxedes: O Metallica tem fãs! Nós temos apenas bons amigos! (risos...). O som sempre foi o mesmo e desde que registramos as canções tem sido assim. Acho que o peso está mais ligado à coesão do som nos dias atuais.
Eu diria que estamos bem afiados e isso se reflete bem em nossos discos ou até mesmo ao vivo.
 
Dapesada: No ano de 2007 Comando Etílico já estava em meio às boas bandas do RN, nesse mesmo ano a banda decide gravar um CD demo, eu lembro que rolou uma espécie de pré-venda nas redes sociais. Eu mesmo fui um dos que paguei uma demo antes mesmo dela ser gravada, ou seja, a demo foi bancada pelos fãs!  De quem foi essa ideia? Vocês acreditavam que isso daria certo assim como foi no final dessa história?
David Praxedes: (risos...) Essa ideia foi de Hervall. A princípio lembro que achei muito estranho, pois como as pessoas iriam comprar algo sem ter uma garantia além de nossas palavras?!  Já tínhamos as músicas e um ensaio de como poderia ser a capa. Fomos à luta e quando conseguimos essa “grana” da pré-venda fomos fazer a gravação. Tudo em um único dia.
Ainda tínhamos que fazer as capas e lembrei-me de um amigo das antigas, o Sergio Black (Limbo Records), e ao falar de nossas intenções ele topou de imediato. Foi assim que conseguimos registrar e produzir a primeira tiragem de Metal & Prazer. 
Agradeço a todos que compraram essa ideia, pois Metal & Prazer é um pedacinho de todos que nos ajudaram direta e indiretamente.

Dapesada: Toda essa história da Demo provou que a proposta da COMANDO ETÍLICO estava aprovada, vieram os shows de lançamento e parece que a banda retoma as apresentações ligada em 380v, essa energia no palco é natural, é resultado da empolgação com a aprovação do grupo ou uma regra imposta por vocês mesmos, tipo: Temos que detonar no palco?
David Praxedes: Temos essa postura em palco naturalmente, mas confesso que temos uma opinião em comum, pois você sacar um show de uma banda, falando isso como público, com os caras da banda com a cara de “isso é uma porra!!!” é foda demais!!! Não temos isso como algo imposto, tanto é que você pode sacar show em que um de nós não vai estar muito bem, mas sempre antes de cada show conversamos e falamos que vamos detonar sim pois quem veio nos sacar merece nosso máximo, pois sabemos do esforço de muitos para conseguir ir para um show ou mesmo comprar um material qualquer que seja de sua banda preferida.

Dapesada: A produção da demo ficou muito boa, O CD então, uma produção pode-se dizer impecável, não deixa a desejar em nada para as produções feitas por bandas do sudeste do país (Berço da música pesada), como vocês conseguiram chegar a essa qualidade de produção?
David Praxedes: Desde Metal & Prazer até nosso último registro, temos tido uma parceria com Nilson Eloy que comanda o Estúdio Sonorus.   Além de um amigo ele é um bom profissional e sabe exatamente o que queremos. Com isso o resultado final de cada música tem sido muito satisfatório pra nós. 
Somos muito exigentes com nós mesmos no que se refere a isso. A direção de arte tem ficado com Hervall, ele é muito exigente consigo e muito criativo, mas sempre antes de ser finalizado tudo nos reunimos e definimos se será ou não dessa ou daquela forma. Nada no COMANDO ETÍLICO é feito individualmente.
 
Dapesada: As 5 faixas de “Metal e Prazer” é uma pancada só, já o homônimo com 10 faixas trouxe algumas mais cadenciadas, o que não fere o nível do mesmo.  Fale-nos um pouco sobre essa mescla, e o próximo disco? Dar pra falar um pouco sobre o que a COMANDO ETÍLICO trará aos nossos ouvidos em sua próxima grande dose de Metal?
David Praxedes: Já estamos com algumas músicas sendo finalizadas e estão bem “porrada” mas é bem difícil dizer como vai ser ao fim de 10 canções prontas. Natural uma ser mais rápida que a outra ou mesmo mais pesada,  não programamos isso. Simplesmente vamos compondo e as músicas vão saindo naturalmente mais furiosas ou não. Tem sido desta forma até aqui.

Dapesada: No ano seguinte ao do lançamento do CD, a banda lança o single “Legado” e o disponibiliza para download free, isso é uma estratégia de marketing fazendo com que a banda esteja sempre na lembrança dos Metalheads?
David Praxedes: Na real só queríamos fazer um brinde aos nossos amigos que nos curtem e comemorar esse um ano de lançamento de COMANDO ETÍLICO, de certa forma serve para mostrar sim, que a banda está em atividade.

Dapesada: Confesso que fiquei muito feliz em saber que o Comando recebera o desafio de fazer a trilha para um filme, tive o privilégio de ouvir a execução da música no Arena Studio e gostei da canção como um todo. Conte-nos como aconteceu esse encontro com o diretor Geraldo Cavalcanti.
David Praxedes: Não nos encontramos com ele de fato, estávamos no Estúdio Sonorus gravando Legado junto a Nilson Eloy, que além de produtor musical é formado em jornalismo e também faz parte de uma ONG ligada a gravações e produções de filmes. 
Nesse dia em que fomos gravar Legado ele nos mostrou partes do filme, achamos muito bacana. Hervall perguntou sobre a trilha do mesmo e nos foi dito que nada havia ainda, Nilson se propôs a mostrar nossa música ao diretor Geraldo Cavalcanti e ele concordou que nós faríamos a música tema de “O PACTO”.

Dapesada: Não podia deixar de abordar um assunto polêmico. Hoje a banda cobra cachê para se apresentar, aqui na cidade existem alguns bangers que sempre criticam preço de senha, de CD, cachê e etc... Vocês já saíram de algum line up por esse motivo?  Quero saber sua opinião sobre isso.
David Praxedes: Na realidade não cobramos cachê, o que pedimos é uma ajuda de custo, cachê seria um valor que ao final cada um de nós colocaríamos em nossos bolsos, coisa que não acontece. Essa ajuda que pedimos é totalmente revertida para cobrir despesas com equipamentos, manutenção e produção de novos produtos de merchan.
Quanto aos bangers que criticam preços de senhas, CDs e coisas do tipo e o que bandas pedem como ajuda de custo, lamento. São pessoas que não tem conhecimento dos custos tanto para se manter uma banda como para se produzir um evento. Esse tipo de comentário deve ser totalmente dispensável e acredito que se ficamos fora de algum evento em virtude dessa ajuda de custo, é porque a produção não se dispôs a custear por motivos diversos e que não nos diz respeito.

Dapesada: Após todos esses anos com Hervall a frente do Comando, no Festival DOSOL 2011 edição de Mossoró, devido a um problema de saúde com Vall, a Banda volta a apresentar-se como um trio, qual a sensação sentida pelo grupo em relembrar o início da jornada?
David Praxedes: Confesso que quando ele disse que não tinha condição de cantar fiquei apreensivo e preocupado, pois faz muito tempo que não nos apresentávamos nesse formato, muito embora acredite que nos saímos bem, mas fez uma falta do caramba.

Dapesada: Agradecemos pela entrevista e deixo o espaço totalmente aberto para que vocês mandem o recado aos fãs. Manda ver!
David Praxedes: Valeu mais uma vez pelo espaço e por todo o apoio que tem nos dado, Parabéns pelo espaço criado e continue sempre com essa força.
Pra galera que nos curte um forte abraço e aguardem nosso próximo material, e se precisarem de companhia pra tomar umas e outras, estamos à disposição! Abraço a todos.

Entrevista por: Adiel Soares
Fotos: Acervo David Praxedes

2 comentários:

  1. boa!!. comando etílico é foda!!!!!.

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  2. Muito boa hehehe. Simplesmente ótimas pessoas e uma banda que merece todo reconhecimento potiguar e até mais.

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